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Opinaria é um blog simples, directo e espero que útil para muitos. É um espaço de livre opinião. Onde todos podem deixar o ar da sua graça, a sua marca, escrevendo um pensamento, uma teoria ou uma simples opinião. Será sem dúvida um espaço de debate... um espaço para todos... verdadeiramente democrático. Contudo, para que assim seja, precisa de participação e muitos temas.

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- "O Mundo Automóvel" por Duarte Felix da Costa - Dias 1 e 16 de cada mês.
- "Dica Gourmet - Vinhos e Companhia" por Francisco de Sousa Coutinho - Dias 15 e 30.
- "Sociedade" por Filipe Rocha Vieira - Dias 5 e 20
- "Educação" por Fernando Arrobas da Silva ao 8º dia do mês

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Monday, October 16, 2006

Mundo Automóvel - "Interesse pela Fórmula 1"

Doze anos passaram sobre a trágica morte de Ayrton Senna, um dos mais notáveis pilotos de sempre. Mais de uma década ao longo da qual a Formula 1 tem vindo a perder interesse, de forma recorrente, em grande parte devido à quase total ausência de pilotos carismáticos. Um observador menos avisado que hoje em dia olhe para a grelha de partida de um Grande Prémio, apenas encontrará dois ou três nomes: Schummacher, Alonso e pouco mais. Isto por agora, porque para o ano nem Schummacher teremos, portanto a tendência é para monopolizar ainda mais as classificações. Faltam pilotos como Prost, Mansell, Pirquet, Villeneuve, por exemplo. É que, na década de 90, Senna disputava em pista (e não só) com pilotos de grande nível e, quando terminava uma corrida em primeiro conhecia-se o nível e o nome dos vencidos. Hoje em dia o Alonso e o Schummacher ganham corridas atrás de corridas e, sem desprimor, quase temos de fazer um esforço de memória para nos lembrarmos que o terceiro foi o Button, o quarto foi Fisichella e o quinto foi Trulli.

Ao pretenderem (Max Mosley /Bernie Ecclestone) que a Formula 1 seja, acima de tudo um negócio, um espectáculo televisivo, com horas mais certas do que as que dá o Big Bem, entrevistas marcadas com semanas de antecedência, um rigoroso controlo de acesso à comunicação social, em pistas assépticas, com pilotos e carros o mais longe possível das multidões e com investimentos descomunais (apresentados abaixo), os “homens que mandam” neste desporto estão a contribuir, decididamente, para a sua “morte” a médio prazo.


Lista dos orçamentos das equipas por ano (2006)
*fonte: Revista Business F1

Maclaren: US$ 402 m
Toyota: US$ 383 m
Honda Racing: US$ 371 m
BMW: US$ 368 m
Ferrari: US$ 319 m
Renault: US$ 292 m
Red Bull Racing: US$ 195 m
Williams: US$ 130 m
Super Aguri: US$ 92 m
Spyker Racing: US$ 74 m
Toro Rosso: US$ 64 m

Duarte Felix da Costa

Sunday, October 15, 2006

A Dica Gourmet - "Vinhos e Companhia"

Sexta feira, 10 da noite, jantar combinado entre 5 amigos. Duvida do costume: “Onde?”
Optámos por Alcântara, freguesia lisboeta onde reinam as marisqueiras.
Digo-vos sinceramente que me agrada bastante a idéia de ir de vez em quando a Alcântara, à marisqueira “O Palácio” por volta das 7 da tarde comer umas gambas “al ajillo” seguido de um prego do lombo mal passado carregado de alho! Nada melhor que acompanhar com uma imperial bem fresquinha numa tarde de primavera.
No entanto, após algumas indecisões, optámos (ou aliás, optaram, pois eu estava atrasado) por um espaço que eu nunca tinha ouvido falar: Restaurante “A Churrasqueira de Alcântara”, que fica na 2ª rua à direita de quem sobe para Santos.
Espaço moderno, onde nada nos faz lembrar que estamos numa churrasqueira, a não ser o barulho (típico de um restaurante apinhado de gente numa sexta feira à noite) e as mesas corridas com que me deparei devido a 3 grupos de aniversariantes.
Infelizmente, e devido ao meu atraso, perdi as entradas que nos são colocadas de imediato na mesa: Queijo seco, prato de presunto e os típicos conjuntos de pão, manteigas e azeitonas.
Ambiente agradável, e desde já os meus parabéns pela decoração e recuperação deste espaço, com um pé direito altíssimo de paredes brancas, inrrompidas por pedra descascada, fazendo-nos lembrar que aquele local poderá ter sido um armazém antigo.
Quanto ao menú, totalmente vocacionado para a carne grelhada, e onde constam desde bifes, a carne de porco, à típica picanha (na qual recaiu a minha escolha), deixa-nos com água na boca. Optei por uma espetada de picanha acompanhada apenas por batata frita (9.40€). Estando habituado a comer picanha fatiada, surpreendeu-me o facto de a picanha vir em cubos e não em fatias enroladas, aos quais dou nota 20! Tempero no ponto, não se notando de todo se foi grelhado em grelha a carvão ou a gás (obrigatório hoje em dia) e, tal como eu gosto, em sangue.
Quanto às bebidas, e sendo a minha predilecta o “licor de Baco” (Deus do vinho, que representava o seu poder embriagador e as suas influências benéficas e sociais), não posso deixar de comentar as caipirinhas e caipiroscas que foram bebidas à mesa como apertivos por uns (sendo o meu caso) e como acompanhamento durante o jantar, e muito bem, por outros. O preço de 3.50€ era sem dúvida apelativo. No entanto, optei por um tinto do Douro, “Evel” de 2001 (6.50€) que acabou por calhar extraordinariamente bem com o prato. Prova de que ainda existem vinhos bons e baratos, sendo pouco inflacionados nos preços em restaurantes. A carta de vinhos no entanto, e apesar de apresentar vinhos de todas as regiões, a sua diversidade era pouca, sendo ainda menos os vinhos de preço intermédio e muitos os de preço alto, que estavam totalmente infacionados.
Após este repasto, optei por não pedir sobremesa e sendo assim, fecho a crónica a este restaurante com nota 15.

Nota: De aproveitar até dia 18 do corrente mês (quarta feira) a Feira dos Vinhos do Feira Nova. No entanto, e apesar da parceria do grupo Jerónimo Martins com a revista Blue Wine ser positiva, é pena haver apenas 4 vinhos acima dos 10€... Não que eu goste de gastar mais, mas sabemos que qualidade se paga e nem todos os vinhos abaixo deste valor têm qualidade.

Até à próxima!

Francisco de Sousa Coutinho

Sunday, October 08, 2006

EDUCAÇÃO - "Voltei a ler os Maias"

É para mim um privilégio ser um dos convidados e pioneiro a escrever para o “Opinaria”, novo espaço de incentivo aos jovens, que lhes pode mostrar a liberdade e aproveitá-la.
Sou estudante, Quartanista do Ensino Superior. E dos preocupados. Porém, hoje, como mote da minha futura e assídua participação, deixarei aqui uma história de quando era apenas um recém-chegado do ensino secundário e se mantém actual.
Nesses tempos, nunca me conformei com a obrigação e a imposição, na disciplina de Português, de ler as obras literárias. A verdade é que a obrigação e imposição suscitam nos jovens um sentimento de rebelião traduzido numa vontade de fazer precisamente o contrário, conduzindo os alunos a refundirem-se em resumos, fotocópias e apontamentos. A repercussão do disfarce: Não desfrutam da obra e descuram em cultura.
O tempo mudou. Agora, longe das salas de aula do meu antigo Liceu, encontrei outro sabor nos livros: anseio que tenha mudado de página e que tenha usufruído de tudo o que ela pudesse oferecer. Leio com vontade; não com o intuito de dividir uma frase em orações, saber o tempo do verbo, identificar todas as figuras de estilo e “brilhar” em exame.
É mesmo verdade! Voltei a ler Os Maias! Interessei-me e, como se não bastasse, após terminar, documentei-me, investiguei e relembrei toda essa fulgurante época literária que foi o Realismo Em vez de apreender, aprendi e agora partilho.
O realismo foi uma corrente de expressão literária que surgiu em oposição ao movimento literário anterior – o Romantismo. Tratava-se de uma nova atitude perante a literatura e as artes plásticas e que era inspirada na vida real, no quotidiano, na crítica social ao ambiente vivido no seio da burguesia, à denúncia quanto à miséria vivida nos bairros populares e degradados.
Em contraponto com o Romantismo, que se definia como a apoteose do sentimento, exacerbando sentimentalismos utópicos, realçando excessivamente paixões amorosas chegando até a ser, quantas vezes, enfático e “piegas”, o Realismo, como dizia Eça de Queiroz, “é a anatomia do carácter”, era o apontar a dedo a realidade observada. O realismo procurava a realidade autêntica e não a realidade que, entretanto, estava deformada pelo mundo romântico.
Este movimento literário era também um movimento ambicioso. Não se limitando a descrever as realidades concretas do Homem e da sua vida quotidiana, preconizava uma ideia de mudança e de modificação da realidade social. Só que para que tal acontecesse, este movimento encerrava a convicção que para modificar a realidade era necessário descrevê-la com objectividade. Este método decorria do “positivismo” de Augusto Conte, que propunha uma rigorosa observação e experimentação como único caminho para chegar ao conhecimento da realidade.
Um dos grandes expoentes do Realismo foi o saudoso Eça de Queiroz. Eça chamou a si a glória e “ergueu um dos monumentos mais altos de Arte e cultura deste país”: Os Maias.
O Os Maias constitui sobretudo uma análise social do quotidiano lisboeta do século XIX e encerra uma forte crítica da realidade vivida então. Exemplo bem significativo desta crítica feroz é o facto de ser atribuída à personagem João da Ega (que muitos analistas consideram tratar-se do próprio Eça) a escrita de um ensaio literário As Memórias de um Átomo. Este (João da Ega), ao longo de Os Maias vem, permanentemente, sendo inquirido sobre para quando a conclusão desse livro ou ensaio.
Até que mais tarde responde: “Estou à espera que o País aprenda a ler”. Esta frase célebre encerra em si mesma uma tremenda crítica à instrução pública, à educação e ao problema do analfabetismo. Curioso é – e isso é que vem ao caso – o quanto essa crítica é actual… O tema proposto é tão aliciante quanto vasto.

Continuarei a ler e a criticar… com vontade e todos os dias 8 de cada mês!

Fernando Arrobas da Silva

Sunday, October 01, 2006

MUNDO AUTOMÓVEL - "Portugueses na Fórmula 1?"

Estou esta época a competir no Campeonato Eurocup de Fórmula Renault. Depois de uma carreira, pode-se dizer, bem gerida, com os pés bem assentes na terra e sempre passo a passo, desde os karts até onde estou, gostava de focar neste artigo um tema que penso ser interessante para todos: a razão de não haver um piloto Português brilhar na Formula 1.
Num mundo cada vez mais virado para os lobbies, interesses e favores. E sabendo da complexidade do desporto automóvel, principalmente na categoria rainha (Formula 1), penso ser justo e coerente afirmar que um piloto português para vingar não basta ser apenas melhor do que o Inglês e o Francês, mas sim, muito melhor que todos eles.
Por exemplo, para quem não sabe a Red Bull tem neste momento 2 equipas na Formula 1 (Red Bull e a Toro Rosso), ou seja 6 lugares disponíveis para ocupar anualmente (4 pilotos efectivos + 2 pilotos de testes). Com vista a preparar jovens talentosos para o futuro, criaram há cerca de 3 anos a Red Bull Júnior Team, um mega projecto que oferece as melhores condições a quem nele está integrado, para se preparar para a Formula 1. São cerca de 20 pilotos com idades compreendidas entre os 14 e 22 anos, que são seguidos fisicamente, psicologicamente e tecnicamente pelos melhores especialistas do mundo.
Neste lote de pilotos, embora não se saiba, há um Português. Filipe Albuquerque, meu grande amigo, que este ano está a brilhar na Formula Renault e prepara-se para dar o salto para a categoria anterior a Formula 1 (GP2 Series ou World Séries by Renault 3.5). E aqui chegam os tais lobbies focados no início.
Nesta guerra para chegar à Formula 1, o Filipe sabe que terá de mostrar que é um fenómeno, mesmo muito melhor que os outros, pois, não basta ser apenas igual ou melhor que os outros.
Porquê?
Em Portugal temos (suponhamos) 1 milhão de consumidores de Red Bull, na América temos 50, portanto a Red Bull, “marketingmente falando", tem interesse em ter pilotos de nacionalidades com mais poder de compra, para crescer nas vendas, e passar de 50 para os 100 milhões de consumidores de Red Bull na América. Enquanto que em Portugal apenas poderia passar de 1 milhão para 2 ou 3 (falando po alto) .
Escolhi este artigo porque tenho visto muita gente falar mal dos pilotos portugueses. Em especial de Tiago Monteiro. Quem segue atentamente o Campeonato Mundial de Formula 1 tem plena noção da pouca competitividade do Midland. Contudo o Tiago tem superado com alguma regularidade o seu colega Christian Albers, que foi apenas e só, campeão de DTM há 3 ou 4 anos…
Perante factos não há argumentos.
Realmente o Tiago Monteiro é um piloto de grande valor, tendo já, se conseguido manter por 2 épocas, na disciplina máxima. Sempre com uma postura profissional, positiva e de cabeça erguida, mesmo sabendo que luta contra marcas muito mais desenvolvidas.
Sem lobbies, interesses comerciais e políticas internas poderíamos ver algum piloto Português vencer um Campeonato do Mundo de Formula 1? Fica a duvida…

Um abraço, Duarte Félix da Costa duartefc@gmail.com